No tempo de Salazar, Portugal estava muito isolado dos outros países, e o povo vivia em grande pobreza, por isso, os Portugueses começaram a emigrar. Mas Salazar não deixava sair ninguém sem ter a “carta de chamada”, que era uma garantia de trabalho no exterior.
Mas muitos não a conseguiram arranjar e emigraram clandestinamente. Iam “a salto”. Nas fronteiras, escolhiam as zonas de serras inóspitas para não serem apanhados. Eram orientados e encaminhados por “passadores” que lhes levavam muito dinheiro. Em 1960 levavam 8000 escudos agora cerca de 4000 euros. E aqueles que ficavam para traz (nos Pirenéus, por exemplo) eram abandonados pelo grupo. Alguns lá morreram. A maioria dos emigrantes ia para França. Alguns mandavam muito dinheiro à família. Em Bogas de Baixo o João Abílio mandava ao pai Manuel Abílio uma mesada de 10000 escudos agora seriam 500 euros e um professor ganhava 3000 escudos (agora 1500 euros). O pai gabava-se e dizia: “O meu João… é damáis! manda-me dez contos por mês!”
Havia um outro emigrante em França que, quando vinha à sua aldeia em Portugal dizia, batendo com a mão no sítio onde tinha a carteira, no bolso do casaco: “Aqui hai-o!”, chamavam-no o “caguetas” (gabarola).
Os emigrantes, sobretudo os que foram para a Europa – França, Suíça, Bélgica, Luxemburgo, e outros, melhoraram muito a sua vida e a economia de Portugal, porque mandavam para cá as suas poupanças. Todos construíram na sua aldeia uma casa/vivenda tipo “maison”, e presentemente muitos regressaram e vivem nas suas terras com boas reformas. Outros ficaram por lá, sobretudo aqueles cujos filhos estudaram nesses países e se integraram bem nas sociedades locais.
Luís Dias Rodrigues Gama