Os meus avós materno e paterno trabalharam toda a vida na resina e iam para o quinto e para a azeitona, no Inverno. Eles contam que andavam todo o mês de Março a meter as bicas nos pinheiros e tiravam a casca para a resina correr para umas malgas de barro ou de plástico. Quando estas estavam cheias, iam com um caldeiro de lata, que pesava 25 quilos, e despejavam num barril que se encontrava mais ou menos no centro do pinhal. Os barris levavam 250 litros e, quando estavam cheios, uma camioneta ia buscá-los para os transportar até uma fábrica, em Castelo Branco. A minha mãe ainda chegou a fazer esse tipo de trabalho com o meu avô e ela diz que era um trabalho bastante duro, pois era feito no Verão, estava muito calor, os terrenos eram muito inclinados, havia muito mato e eles tinham de transportar esses caldeiros à cabeça ou às costas.
Mas, apesar de todas essas dificuldades, eles dizem que eram tempos muito alegres, porque eles divertiam-se de várias maneiras, como por exemplo, cantando, conversando e brincando. Havia sempre muita alegria.
O primeiro ordenado da minha mãe, diz ela, que foram 500 escudos mas muitas vezes tinham que sair às 5 da manhã, para chegarem ao local de trabalho, e regressava às 11 horas da noite a casa.
Nos tempos de Inverno, os meus avós iam para a azeitona, no Ladoeiro e outros sítios.
Iam em Outubro e só vinham pelo Natal. No fim do ano novo é que tinham que apanhar a sua azeitona, não é como agora, que é apanhada antes de Dezembro.
A minha mãe com amigos, no campo
Andreia Caetano